A extração de petróleo nos promissores poços offshore pré-sal brasileiros custa cerca de US $ 8 por barril, disse o presidente-executivo da Petroleo Brasileiro SA, Pedro Parente, em um evento em São Paulo na terça-feira.

Descoberto há apenas 10 anos, a área do pré-sal rapidamente se tornou a principal prioridade para a Petrobras e outras empresas de petróleo possuir direitos de exploração em algumas de suas grandes reservas.

A saída dos poços de pré-sal ultrapassou os volumes combinados de todos os outros campos do país pela primeira vez em julho.

“O pré-sal, hoje, tem um custo de extração de US $ 8 por barril. O problema foi o atraso na exploração do pré-sal”, disse Parente.

Parente também disse que a nova política de preços de combustível da empresa controlada pelo estado reduzirá a chance de preços chegarem abaixo da paridade internacional.

A Petrobras reduziu consideravelmente a diferença de preços entre o valor da gasolina vendida em suas refinarias e o preço à vista no Golfo do México, desde o início de julho, quando anunciou mudanças em seus preços para adotar ajustes quase diários, de acordo com especialistas do mercado de combustíveis.

“Se por um lado tivemos avanços importantes, por outro sabemos que ainda há muito que fazer”. É dessa forma que Pedro Parente, presidente daPetrobras, avalia os primeiros resultados das mudanças implementadas na petroleira, desde a sua chegada em 2016. Segundo ele, ainda é cedo para “cantar vitória” sobre as conquistas da companhia

Parente foi um dos participantes do Encontro de CEOs EXAME, realizado nesta terça-feira em São Paulo.

À plateia de executivos, o presidente da Petrobras explicou as novas estratégias da companhia para melhorar a governança e reduzir os problemas financeiros decorrentes de anos de má gestão e de casos de corrupção como os investigados pela Operação Lava Jato.

A primeira das mudanças, explicou Parente, foi no perfil do conselho de administração. A escolha de novos membros, que antes era pautada por interesses políticos, passou a seguir algumas regras, como a proibição da nomeação de indicados do governo e líderes sindicais. Também passou a ser exigido que 25% do conselho seja formado por conselheiros independentes.

Além disso, a seleção de profissionais para outros cargos de liderança foi reformada para priorizar “a experiência, o mérito e a integridade” do candidato. “Antes, em alguns casos, nem havia processo seletivo. Hoje, é muito mais transparente”, disse ele. “Não tinha meritocracia e era comum a nomeação para cargos executivos. Agora, não há nenhuma indicação.”

A estrutura da Petrobras também mudou e decisões importantes passaram a depender da aprovação de diversos comitês. Isso, segundo Parente, ajuda a evitar desvios de recursos que contribuíram “para a natureza dos problemas atuais” da empresa.

“Hoje, não temos uma obra, um contrato que seja feito com apenas uma assinatura”, disse. A contratação de fornecedores também ganhou processos mais rígidos, visando reduzir casos de corrupção.

O canal de denúncia de irregularidades, que antes era interno, passou a ser externo, depois que executivos notaram que “nenhum empregado acreditava na garantia de anonimato”. Com um canal independente, disse Parente, as denúncias destravaram.

Dívida e resultados

Em 2015, as dívidas da Petrobras chegaram a ultrapassar em cinco vezes a capacidade de a companhia gerar caixa. O montante, segundo o presidente da empresa, era o equivalente à soma da dívida de todos os estados brasileiros, com exceção de São Paulo. Para piorar a situação, o motivo de tais dívidas tinha pouca ou quase nenhuma relação com os resultados do negócio.

“A certeza é que vocês todos estariam preocupados se fosse na empresa de vocês”, disse Parente aos executivos.

Para contornar a situação, Parente disse que foram adotados alguns pilares, como a busca de preços mais competitivos, que não obedecem a desejos políticos, mas seguem a variação dos valores no mercado internacional.

Para ele, a política de variação diária dos preços — anunciada recentemente pela Petrobras — ainda causa alguma estranheza ao público, mas deve ser vista como algo comum, “a partir do momento em que os consumidores entenderem que a Petrobras não é formadora de preço, que só reage ao mercado.”

A gestão da dívida também passou a ser mais ativa, com operações de trocas de obrigações mais caras por mais baratas e a diversificação de fontes de novos recursos.

O programa de desinvestimentos, que ainda está em execução, também deve ajudar na tarefa, com um “olhar mais atento para as forças e as fraquezas da organização” e a priorização daquilo que a Petrobras consegue fazer bem.

As mudanças promovidas pela nova gestão parecem já ter dado resultados para a Petrobras no mercado. Além da valorização dse 9% nas ações no período, a B3 (novo nome da bolsa brasileira) aceitou, ontem, o pedido de adesão da companhia ao Programa Destaque em Governança de Estatais. “Há um ano 6% dos analistas recomendavam a compra dos papéis da Petrobras, hoje são 75% deles”, destacou Parente.

Fuente : EXAME

 

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